terça-feira, 29 de novembro de 2011

Diretoria da Federação de Homens Presbiterianos - 2012

Conheça a nova Diretoria da Federação de Homens Presbiterianos do Presbitério Norte Fluminense, eleita no XVII Congresso Unificado, realizado no último dia 15/11/2011, na IPB Parque Guarus- Campos dos Goytacazes.
PRESIDENTE: Presb.Eliel Santa Menezes VICE-PRESIDENTE: Gilberto Willys Farias SEC. EXECUTIVO: Dc. Claudio Grassini 1° SECRETARIO: Presb. Moisés da S. Viveiros 2° SECRETÁRIO: Diác. Luciano Correa TESOUREIRO: Presb. Ozéias Ferreira SECRETÁRIO PRESBITERIAL: Rev. Deivison Coutinho

Cantata - Celebrando o Natal

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Em tempo de Natal podemos trazer à mente muitas lembranças – sorrisos, abraços e beijos, mas também saudades, lágrimas e tristezas. Cada uma dessas expressões de carinho ou falta dele podem estar presentes numa época em que o mundo a rotula como “feliz” sem necessariamente saber exatamente o significado, o motivo de o natal poder ser verdadeiramente feliz que independe de sentimentos ou lembranças que carregamos conosco.

Em tempo de Natal podemos nos perguntar: “É possível celebrar o Natal sem que Jesus faça parte dele?”.

Como seria o Natal se Jesus nunca tivesse vindo? Seria um dia qualquer?

Haveria um coro de anjos cantando “Paz na terra” sem que ele tivesse nascido? 

Ainda assim seria Natal?

O mundo seria diferente se nunca tivéssemos ouvido o seu nome? O amor seria o mesmo?

Que razão haveria para esse momento ser tão especial se o menino Deus não tivesse nascido naquele dia em uma manjedoura?

Haveria esperança se Deus nunca tivesse enviado seu único Filho? Como seria o Natal?

O maior presente nasceu em Belém, e esse presente é e sempre será a salvação para toda a humanidade.

O NATAL SEM JESUS SIMPLESMENTE NÃO SERIA NATAL, POIS NATAL SEM JESUS NÃO É NADA.

A Igreja Presbiteriana de Italva convida a todos para participarem da CANTATA "CELEBRANDO O NATAL".

Estamos esperando vocês de braços abertos! Venham comemorar conosco este Natal, pois natal sem Jesus não é nada!

Entre no clima natalino. Ouça a linda canção de Natal!!

sábado, 19 de novembro de 2011

Crentes com Síndrome de Peter Pan?

Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. (Efésios 4:14)


Essas palavras de Paulo são reveladoras. Ele diz que não devemos ser “como meninos, agitados de um lado para o outro”(Efésios 4.14). Não podemos permanecer crianças pelo resto das nossas vidas. O não crescimento e não desenvolvimento de um bebê é sinal de algum tipo de enfermidade ou anormalidade. Uma criança saudável e normal cresce e se desenvolve. É isso o que Paulo está dizendo aos cristãos. O novo-nascimento não é o bastante. Precisamos crescer, nos tornar maduros e cada vez mais parecidos com Jesus (Efésios 4.13). Deus não nos salvou e arrancou das garras do diabo a fim de que fôssemos crianças para sempre. Deus não planejou e nem deseja que sejamos bebês ou meninos espirituais por toda a nossa peregrinação nessa terra.

Na verdade, o diabo é quem tem esse desejo e projeto. Se ele não consegue nos aprisionar nas trevas, ele tenta nos aprisionar na infância espiritual. Se ele não consegue impedir-nos de encontrar com Deus, ele tentará impedir-nos de crescer em Deus. Se ele não consegue abortar o nosso novo-nascimento, ele tentará abortar o nosso crescimento. Ele trabalhará de todas as maneiras, usará de todos os seus estratagemas, lançará todos os seus dardos inflamados, enviará todos os seus ventos e sugestões para que permaneçamos simplesmente bebês espirituais, gente que não cresce, doentes na alma e no espírito, velhos no corpo e meninos na fé.

Meninos são fáceis de serem agitados e levados de um lado para o outro. Meninos são facilmente manipulados. Basta vir uma onda mais forte, um vento mais furioso, um argumento – aparentemente – mais convincente, um presente mais bem embrulhado, uma recompensa mais imediata, uma palavra mais colorida e os meninos se deixam levar. Os meninos não se levam a si mesmos, mas são levados pelos outros. São carregados por todos os que simplesmente têm a intenção de carregá-los. Não é necessário muito malabarismo para levar as crianças. As crianças são atraídas por tudo o que parece bonito e traz satisfação imediata. Por isso não é difícil fazer com que os meninos troquem os tesouros do amanhã pelas bugigangas do presente, as promessas de Deus pelas promessas do diabo, a Palavra do Senhor pela palavra do homem, a cidadania nos céus pelos prazeres transitórios do pecado.

Por essa razão, o apóstolo Paulo faz um apelo em prol do crescimento dos cristãos! Não basta ter acontecido o novo nascimento; tem que haver crescimento. Jesus não morreu e ressuscitou simplesmente para salvar o ser humano da morte eterna, mas também para salvar o ser humano de uma infância perene. Jesus morreu, ressuscitou e concedeu dons aos homens para eles crescerem e chegarem “à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4.13). Nós não nascemos para nãocrescer! Pelo contrário, nós nascemos para nos tornarmos adultos! Enquanto o crescimento é normal, o não-crescimento é sinal de anormalidade. Um bebê que nasce e não cresce é um bebê anormal. Pela fragilidade da sua condição, ele precisa de cuidados especiais a fim de não ser levado de um lado para o outro, de uma enfermidade para outra enfermidade, de uma escravidão para outra escravidão.

Nós precisamos crescer! Não podemos permanecer debaixo da Síndrome e maldição de Peter Pan. Não podemos permanecer debaixo da escravidão de Satanás, sendo crianças por toda a nossa vida cristã. Jesus morreu e ressuscitou para nascermos e crescermos, para passarmos pela infância e chegarmos à maturidade. A nossa conversão e o novo nascimento não são o fim, mas apenas o início da nossa salvação. Nascemos de novo para crescermos de novo. Precisamos crescer até nos tornarmos mais parecidos com Cristo. Jesus é o nosso padrão de crescimento.

Para sabermos o quanto já crescemos, basta sabermos o quanto parecemos com Jesus. Não basta dizermos que amamos Jesus, mas sim amarmos com Jesus amou, perdoarmos aos outros com Ele perdoou, relacionarmo-nos com o Pai como Ele se relacionou, obedecermos a Deus como Ele obedeceu, entregarmo-nos em favor dos outros como Ele se entregou, servirmos às pessoas como Ele serviu, desapegarmo-nos do mundo como Ele se desapegou, profetizarmos ao mundo como Ele profetizou, andarmos nessa terra como Ele andou.

A Conspiração dos Inimigos da Obra de Deus



Ajuntaram-se todos de comum acordo para virem atacar Jerusalém e suscitar confusão ali. (Ne 4:8)
Quem nunca enfrentou algum tipo de oposição em determinado momento da sua vida? Seja no trabalho, nos estudos, na família, e mesmo na obra do Senhor, o fato é que qualquer um de nós já pode ter passado por essa situação. Como devemos nos comportar? Por meio do exemplo de Neemias podemos saber que atitudes tomar, quando nos deparamos com forte oposição enquanto fazemos a obra do Senhor. Ao enfrentarmos oposição, podemos aprender lições que nos levam ao crescimento, à maturidade espiritual e à vitória.
O capítulo quatro de Neemias, começa assim: E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito (v. 1a). “Sambalate”. Este é o mesmo Sambalate do capítulo 2:10,19. De novo, ele aparece como um opositor do povo de Deus. No capítulo quatro, ele ataca ferozmente o trabalho de reedificação dos muros de Jerusalém para tentar retardar a obra. Porém, mesmo com todas as tentativas dos inimigos de interromper o trabalho de reconstrução dos muros, Neemias e o povo foram vitoriosos. Para atingir os seus objetivos, Sambalate e companhia recorreram a cinco estratégias:
1. Deboche: Os opositores do povo de Deus, levantaram-se contra a edificação dos muros por desejarem ver a cidade de Jerusalém enfraquecida. Eles foram motivados pela influência maligna, e também por motivos políticos, já que desejavam o controle dessa região, o que não aconteceria, se Jerusalém se fortificasse. Eles iniciaram suas investidas com o deboche. O versículo 1 diz que Sambalate escarneceu dos judeus. A palavra hebraica tem o sentido de “ridicularizar”. Ele disse: “O que esse punhado de judeus pobres e fracos pensa que está fazendo?”, caçoava ele (v. 2). “O termo fraco significa, nesse caso, ‘mirrado, ‘miserável’”.  Sambalate segue um modelo de oposição que procura diminuir a auto- estima que eles possuíam, enfraquecer os ânimos e desmoralizá-los. Tobias, outro opositor da turma de Sambalate, também ridiculariza o trabalho dos judeus: Que tipo de muralha eles poderão construir? Até mesmo uma raposa poderia derrubá-la! (v. 4). Pois bem, como Neemias reagiu diante do deboche? Orou e entregou o problema a Deus, reconhecendo que os insultos em última instância, eram dirigidos ao Senhor e não a ele próprio ou ao povo (vv. 4-5). Ele não se desesperou e nem lamentou, pois sabia que a obra que estava sendo realizada era aprovada pelo Senhor. A zombaria não fez que os homens deixassem as suas tarefas de lado. Eles continuaram trabalhando para reconstruir o muro, com ânimo (v. 6).
2. Conspiração: Os deboches não foram suficientes para fazer com que Neemias e o povo de Deus parassem com a obra que haviam recebido do Senhor. Mas a oposição não desiste. Além do deboche, no versículo 7 notamos uma conspiração que se forma contra os judeus de Jerusalém. Quatro grupos diferentes se unem para paralisar a obra nos muros de Jerusalém: Sambalate e Tobias e os povos da Arábia, Amom e Asdode (...) se reuniram e combinaram que viriam juntos atacar Jerusalém (v. 7-8a). Os inimigos se enfureceram e planejaram o ataque. Com este conchavo montado, Jerusalém estava em perigo se, realmente, eles levassem adiante a proposta de ataque. A cidade seria completamente cercada. Os asdoditas, da cidade de Asdode, uma das mais importantes da Filístia na época, eram do oeste; Sambalate e os samaritanos, do norte; Tobias e os amonitas formavam a turma do leste. Os povos arábios, provavelmente, liderados por Gésem (Ne 2:19), viriam do sul. Então, o ataque viria de todos os lados. “Houve uma conspiração geral contra Judá (...). Eles ‘lutariam contra Jerusalém’, fazendo cessar à força o absurdo projeto”. 
3. Agitação: A esta altura do relato, cabe um questionamento: Neemias não foi a Jerusalém com cartas do rei Artaxerxes? Será que os opositores parariam a obra e seriam contrários a autorização do soberano da Pérsia? Neste ponto, temos de concordar que, se eles levassem mesmo o ataque adiante, é bem provável que não tocariam nas muralhas, pois tinham ordens claras. As cartas do rei da Pérsia os contiveram. Esta conspiração era um bramir de espadas para causar agitação entre os construtores, a fim de que a obra fosse paralisada. O ataque por parte de um exército nunca aconteceu. O versículo 8 diz: Aí se reuniram e combinaram que viriam juntos atacar Jerusalém e provocar confusão. Aí está o que eles queriam: “provocar confusão”. A versão da Nova Bíblia Viva diz que eles queriam provocar revoltas e confusão. Os opositores queriam fazer nascer um burburinho, no meio dos judeus. Queriam que eles ficassem agitados com a notícia e perdessem o foco; afinal, o muro já havia chegado a sua metade (v.6). Para vencer esta oposição, Neemias e o povo oraram ao Senhor e colocaram guardas contra os inimigos para se preparem frente ao “anunciado” ataque (v. 9).
4. Ameaça: As forças inimigas aumentaram consideravelmente e se fortaleciam ameaçando atacar Jerusalém. Como não poderiam fazer isto, mudaram a estratégia, e, desta vez, o povo balançou. Eles ameaçaram o povo, numa tentativa de intimidá-lo. Não queriam somente zombar da obra, mas desejavam matar os judeus, para alcançar o objetivo principal: a paralisação da obra: Disseram, porém, os nossos inimigos: Nada saberão disto, nem verão, até que entremos no meio deles e os matemos; assim, faremos cessar a obra (v. 11). Observe que o ataque seria de surpresa. Diante de tais ameaças, o povo temeu. As noticias corriam como boatos dos que moravam próximos aos inimigos, fora de Jerusalém. Eles traziam estes comentários assustadores e os disseminavam no meio do povo: E várias vezes os judeus que moravam entre os nossos inimigos vieram nos avisar dos planos que eles estavam fazendo contra nós (v. 12). É interessante observar que boatos sempre objetivam destruir a coragem e a cooperação. Onde eles se espalham, os servos de Deus ficam assustados e a obra de Deus pode ser paralisada.
5. Desânimo: Mesmo com Neemias e o povo orando e se preparando para um futuro ataque, parece que os opositores, em parte, conseguiram o que queriam. O povo começou a dar ouvidos ao que estava sendo dito, aos boatos e às ameaças, e ficou desanimado. Após algumas tentativas para paralisar a obra (zombaria e ameaça), os inimigos de Neemias conseguiram fazer com que o povo ficasse desanimado (v.10). As pressões externas, frequentemente, geram problemas internos. Desanimados, os judeus causariam a própria derrota, e Sambalate e seus aliados conseguiriam seu intento, além do que os judeus estariam concordando com os que os haviam chamado de fracos (v. 2). Qual foi a reação de Neemias, diante dessa situação? Com relação ao desânimo, Neemias enfrenta tal problema repreendendo os judeus (“Não os temais”), animando o seu povo (“Lembrai-vos do Senhor”) e dando a eles uma motivação (“pelejai pelas vossas famílias”). É dada a ordem para que cada homem defenda a sua família, empunhando as armas de defesa e de combate (v. 13-14). Da mesma forma, os olhos do povo deveriam estar voltados não para o inimigo, mas para o Senhor, “grande e temível”. Neemias tinha a certeza de que, se houvesse batalha, Deus pelejaria pelo povo (v. 20). Depois disso, os inimigos (...) compreenderam que Deus havia atrapalhado os seus planos. Então todos nós voltamos para o nosso trabalho na reconstrução das muralhas (v. 15).
Este é, basicamente, um resumo do que aconteceu no decorrer dos 52 dias de construção dos muros de Jerusalém. Este capítulo enfatizou a oposição liderada por Sambalate e Tobias, que tinha por objetivo impedir que o trabalho de reconstrução tivesse êxito, para que o povo de Deus continuasse no sofrimento e na miséria. Sempre que os servos do Senhor se levantam para trabalhar para ele, o inimigo é profundamente incomodado e age, em oposição, para evitar a realização dessa tão nobre tarefa. Diante das intrigas da oposição, tenhamos coragem.
APLICANDO A PALAVRA DE DEUS EM NOSSA VIDA
Em meio à oposição, não dê ouvidos à zombaria. Esse capítulo de Neemias demonstra que a vida cristã é uma guerra contínua, sendo impossível realizar a obra de Deus sem sofrer oposição. E o que fazer se, no decorrer da nossa caminhada, o inimigo zombar, menosprezando o nosso trabalho? A nossa resposta deve ser a mesma de Neemias: oração e ânimo para trabalhar. Essas duas atitudes demonstram que a nossa confiança está alicerçada em Deus e que ele nos sustentará sempre. Não podemos parar, pois a obra é do Senhor e ele nos chamou e capacitou para executá-la para a sua glória.
Em meio à oposição, não se intimide com a ameaça. Para não sucumbir à ameaça dos inimigos, Neemias, mais uma vez, recorreu à oração, mas, dessa vez, acrescida da vigilância. Ele pôs guardas para vigiarem, tanto de dia quanto de noite. Aqui nós observamos a importância de estarmos vigilantes. O próprio Senhor Jesus nos exorta a orar e a estar sempre vigilantes (Mc 13:33). Da mesma forma, se desejamos prevalecer contra o inimigo e terminar o trabalho para o qual fomos chamados, devemos utilizar o equipamento espiritual que o próprio Deus nos concedeu (Ef 6: 10-18) .
Em meio à oposição, não deixe de confiar no Senhor. A oposição não conseguiu interromper a construção dos muros. O nosso trabalho para o Senhor também não deve ser interrompido pelas astutas ciladas do inimigo. Ao sofrermos oposição, devemos estar preparados para a batalha, mas também temos de perceber que o Senhor luta conosco e que somente nele somos mais que vencedores. Não nos esqueçamos de que as nossas forças são renovadas somente em Cristo Jesus. Devemos continuar executando a obra do Senhor, tendo sempre a certeza de que o nosso trabalho não é vão no Senhor (1 Co 15:58).
CONCLUSÃO
Podemos, então, estar certos de que, para enfrentarmos a oposição, devemos colocar em prática as lições que aprendemos com Neemias. Mesmo com todas as tentativas dos inimigos de interromper o trabalho de reconstrução dos muros, Neemias foi vitorioso. Da mesma forma, podemos ser vitoriosos, quando enfrentamos oposição na obra do Senhor. Para isso, é preciso que fiquemos atentos às lições que estão registradas no livro de Neemias. Em meio à oposição, não abandonemos a oração, a vigilância e o trabalho. Acima de tudo, nunca deixemos de confiar no Senhor.
Que Deus nos abençoe!


Dc. Paulo Cesar Amaral

Boletim Informativo - 20/11/2011

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Como Ser Cheio do Espírito Santo?

Efésios 5.18 diz: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”. Há, pelo menos, quatro efeitos de ser cheio do Espírito. Primeiramente, o versículo 19 mostra que o efeito é musical: “…falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor”. É evidente que a alegria em Cristo é a característica peculiar de ser cheio do Espírito.

Mas não somente alegria. No versículo 20, encontramos a gratidão: “Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus  Cristo”. Gratidão perpétua, gratidão por tudo resulta de ser cheio do Espírito — e essa gratidão tem como alvo o vencer a murmuração, o descontentamento, a autocompaixão, a amargura, o queixume, a carranca, a depressão, a inquietação, o desânimo, a melancolia e o pessimismo!

Mas os efeitos não são apenas alegria musical e gratidão por tudo; há também a submissão de amor às necessidades uns dos outros — “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Alegria, gratidão e amor humilde — essas são algumas das marcas de ser cheio do Espírito.

Poderíamos acrescentar um quarto efeito: ousadia no testemunho cristão. Podemos ver isto com mais clareza em Atos 4.31: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus”. Nenhum crente deixará de ser ousado e zeloso no testemunho, se o Espírito Santo estiver produzindo nele alegria transbordante, gratidão perpétua e amor humilde. Oh! Como precisamos ser cheios do Espírito! Procuremos esse enchimento! Busquemo-lo!
No entanto, há uma pergunta crucial: como podemos buscá-lo? Comecemos com a analogia mais próxima: “Não vos embriagueis com vinho… mas enchei-vos do Espírito” (v. 18). Como você se embriaga com o vinho? Você o bebe… em grande quantidade. Então, como ficaremos embriagados (cheios) com o Espírito? Bebamos dEle! Bebamos em profusão. Paulo disse: “A todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1 Coríntios 12.13). Jesus disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito” (João 7.37-39).

Como podemos beber do Espírito Santo? Paulo disse: “Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, [cogitam] das coisas do Espírito” (Romanos 8.5). Bebemos do Espírito cogitando das coisas do Espírito. O que significa “cogitar” das coisas do Espírito”? Colossenses 3.1-2 afirmam: “Buscai as coisas lá do alto… Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra”. “Pensar” significa “procurar, dirigir a atenção para, preocupar-se com”. Significa “ser dedicado a” e “absorvido com”. Portanto, beber do Espírito significa buscar as coisas do Espírito, dirigir a atenção às coisas do Espírito, dedicar-se às coisas do Espírito.

Quais são “as coisas do Espírito”? Quando Paulo disse: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus” (1 Coríntios 2.14), estava se referindo aos seus próprios ensinos inspirados pelo Espírito (1 Coríntios 2.13)— especialmente seus ensinos a respeito dos pensamentos, planos e caminhos de Deus (1 Coríntios 2.8-10). Então, “as coisas do Espírito” são os ensinos dos apóstolos a respeito de Deus. Jesus também disse: “As palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (João 6.63). Logo, os ensinos de Jesus também são “as coisas do Espírito”.

Portanto, beber do Espírito significa cogitar das coisas do Espírito. E cogitar das coisas do Espírito significa dirigir nossa atenção aos ensinos dos apóstolos a respeito de Deus e às palavras de Jesus. Se fizermos isso por bastante tempo, ficaremos embriagados com o Espírito. De fato, ficaremos viciados no Espírito. Em vez de dependência química, desenvolveremos uma maravilhosa dependência do Espírito Santo.

Mais uma coisa: o Espírito Santo não é como o vinho, porque Ele é uma pessoa e livre para ir e vir aonde quer que deseje (João 3.8). Por isso, temos de acrescentar Lucas 11.13. Jesus disse aos seus discípulos: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Se queremos ser cheios do Espírito, temos de pedir isso ao nosso Pai celestial. E foi isso que Paulo fez pelos crentes de Éfeso. Ele pediu ao Pai celestial que aqueles crentes fossem “tomados [cheios] de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3.19). Beba do Espírito e ore. Beba do Espírito e ore. Beba do Espírito e ore.

John Piper

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Muito trabalho pela frente


Vejam como é difícil a nossa situação! A cidade de Jerusalém está em ruínas, e os seus portões foram destruídos. Vamos construir de novo as muralhas da cidade e acabar com esta vergonha. (Ne 2:17 – NTLH)

Você já teve a experiência de iniciar um projeto? Quais foram os seus primeiros passos? É justamente sobre os primeiros passos numa grande obra que trata este post, que é uma continuação da nossa jornada de estudos no livro de Neemias. Depois de pedir permissão para ir a Jerusalém, a fim de reconstruí-la (Ne 2:5) o capítulo 2 de Neemias, versículos 11-20, trata exatamente do momento em que ele chega à cidade e de suas primeiras ações, a fim de realizar a obra que o levou até lá. Vamos conferir como ele procedeu.
A viagem da Pérsia até Jerusalém era altamente desgastante. Mesmo assim, Neemias faz este percurso para cumprir a obra de Deus. Ao chegar e andar pela cidade depara-se com cenas piores do que havia imaginado. A gloriosa Jerusalém de Salomão estava destruída e humilhada! Ele chega a dizer no versículo 17: Estais vendo a miséria em que estamos. A palavra hebraica traduzida por “miséria” também tem o sentido de “calamidade”. A situação era mesmo muito complicada, e Neemias tinha muito trabalho pela frente. Todavia, com a ajuda de Deus, ele soube iniciar este grande desafio com muita sabedoria. Com base em Neemias 2:11-20, analisaremos cinco questões que não foram ignoradas por ele, neste inicío de trabalho.
1. Ele não ignorou o descanso: Antes de começar a grande obra, Neemias descansou. O versículo 11, do capítulo 2, diz: E cheguei a Jerusalém e estive ali três dias. Depois de uma viagem cansativa, de mais de mil e quatrocentos quilômetros, Neemias fez uma pausa. Toda a sua dinâmica, vista no início do capítulo 2, não dá lugar a precipitação a esta altura do relato. A enorme vontade deste servo de Deus em ajudar os seus conterrâneos não o fez chegar a Jerusalém “impelido por uma compulsão ardente de pegar a colher de pedreiro, empregar ajudantes e pendurar o prumo; em suma, fazer alguém começar o muro – bem depressa!”. [1] Neemias passa três dias descansando da fadiga da viagem, antes de tratar de qualquer negócio. Não se acelera nem para ação (v. 11) e nem para a conversa (v. 12). Descansar, antes de colocar a mão na massa, é altamente benéfico, e esse tempo pode ser usado para a reflexão, renovação de forças, etc. Na Bíblia, há um claro equilíbrio entre trabalho e descanso (Êx 20:8-11, 23:12). Todo servo de Deus deve saber cuidar de si mesmo, de sua saúde física. Depois do trabalho, Jesus chamou seus discípulos para descansar (Mc 6:31). Não confunda intensa atividade com espiritualidade, aprenda com Neemias. Frente a uma grande empreitada, ele soube valorizar, também, o descanso.
2. Ele não ignorou a observação: Além do necessário e merecido descanso, Neemias “também separou um tempo para fazer um ‘levantamento da situação geral’ sem despertar o interesse do inimigo”. [2] Leia o que diz os versículos 12 e 13, do capítulo 2: Saí de noite com alguns dos meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o que o meu Deus havia posto em meu coração (...). De noite saí (...) examinando o muro de Jerusalém. A palavra “examinar”, que aparece neste texto e no versículo 15, é a tradução da palavra hebraicashbhêr, que significa “contemplar”, “observar algo cuidadosamente”. “É um termo médico para examinar a extensão de um ferimento”. [3] Antes de começar o trabalho, Neemias fez uma avaliação detalhada para familiarizar-se com a situação, confirmar as informações que recebera (cf. Ne 1:3) e estabelecer um plano para a reconstrução. Fez tudo isso à noite para não chamar a atenção. Seus servos o acompanharam a pé, pois um grupo montado poderia chamar a atenção demais. Um pouco de cautela nunca é demais. Neemias, montado em sua mula, viu que os “portões da cidade tinham sido queimados; as muralhas se desintegraram, com exceção dos pequenos trechos, aqui e ali. [4] Leia todo o relato da miséria em que se encontrava Jerusalém em Neemias 2:13-15.
3. Ele não ignorou a cooperação: Enquanto a cidade dormia, Neemias estava acordado. E, depois de coletar os fatos e saber exatamente em que pé estavam os muros da cidade, Neemias procura os judeus: os sacerdotes, os nobres, os oficiais e aqueles que iriam realizar a obra em Jerusalém e lhes diz: Veja a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas e suas portas estão destruídas pelo fogo (2:17). Observe que Neemias se identificou com os seus companheiros judeus. Ele não disse: “Veja a situação difícil em que vocês estão!”, mas disse: “Veja a situação difícil em que estamos”. Ele era um deles! A tarefa que tinha pela frente era imensa! Não havia a mínima chance de ele fazer tudo sozinho; por isso pede colaboração. No versículo 17 ele apresenta a situação da cidade e desafia: Venham, vamos reconstruir os muros de Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante (v. 17b). “A extensão dos muros era de quase dois quilômetros, e os novos deveriam ter cerca de um metro de largura, talvez mais, ao rés do chão, e cinco ou seis metros de altura”. [5] Reconstruir este muro só seria possível se houvesse a colaboração por parte dos habitantes de Jerusalém. Neemias conseguiu essa ajuda. Depois de mostrar para o povo que aquele não era um projeto dele, mas de Deus, ele os motivou ao trabalho. Eles responderam: “Sim, vamos começar a reconstrução”. E se encheram de coragem (v. 18). Esta resposta, por parte de todo o povo, é tão milagrosa quanto à permissão do rei Artaxerxes.
4. Ele não ignorou a firmeza: Tão logo o povo se dispôs a vestir a camisa e fazer a obra de Deus, a oposição entra em cena. Sambalate e companhia não queriam o bem dos israelitas (2:10). Na verdade, eles ficaram muito irritados quando souberam que alguém se importava com os judeus. Quando o povo se une para reconstruir os muros, desde o início ficou bem claro que o trabalho não iria adiante sem os desafios dos inimigos: Porém Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesém, o arábio, quando o souberam, zombaram de nós, e nos desprezaram (v. 19). O termo hebraico para “zombaram” traz a ideia de “pronunciar palavras de menosprezo”. Além de zombar, a oposição também questiona: Quereis rebelar-vos contra o rei?(v. 19). Este argumento era sério e sujo. Jerusalém ficava entre a Pérsia e o Egito. Esta localização era estratégica. A Pérsia não podia ver nenhuma deslealdade em Judá, pois o Egito era uma colônia persa em constante rebelião e, no momento em que o governo precisasse intervir, não poderia encontrar oposição em Judá. [6] Veja o quanto o argumento da oposição é sutil. Todavia, Neemias estava firme em sua decisão de reconstruir e levar adiante o projeto de Deus. Não estava disposto a dar ouvidos àqueles que se opunham à obra e nem permitir que alguém, a não ser o próprio Deus, detivesse o trabalho. Ele disse com firmeza o que haviam decidido: Nós (...) começaremos a reconstrução (v. 20b). Neemias não se intimidou!
5. Ele não ignorou a dependência: Quando Neemias saiu da Pérsia para ir rumo a Jerusalém, recebeu cartas do rei Artaxerxes comprovando não ser ele um traidor do império, ao querer ajudar o povo judeu. Ele tinha autorização para realizar aquela obra de reconstrução. Todavia, quando seus inimigos o acusaram, ele fez seu trunfo não do mandato que recebeu do rei, “mas, sim, da sua autoridade da parte de Deus”. [7] O Deus dos céus é o que nos fará prosperar (v.20a). Neemias não confiava em si próprio, em sua própria força ou entendimento. Ele teve coragem suficiente para afirmar que sua força vinha de Deus. Não quis tomar para si a glória que não era dele. Neemias aprendeu a dar o crédito ao soberano Senhor, em tudo. A “prosperidade”, que, neste contexto, se refere à missão que ele viera cumprir em Jerusalém, viria do Senhor. A base das ações de Neemias era a vontade de Deus. Ele fazia com que as pessoas olhassem para Deus e não para ele. E quanto a nós: “As pessoas nos seguem ou estão seguindo ao Senhor enquanto ele nos guia?”. [8] O capítulo 2 de Neemias termina com a seguinte declaração aos opositores: ... vocês não podem fazer parte deste trabalho, porque não têm parte legal, nem lembrança em Jerusalém (v. 20c). Aquela história seria reescrita sem a ajuda deles. Sambalate e companhia não poderiam nem melhorar, nem participar, nem atrapalhar uma obra que era de Deus.
APLICANDO A PALAVRA DE DEUS EM NOSSA VIDA
Na obra de Deus, estime corretamente o descanso. Neemias chegou a Jerusalém para fazer a obra de Deus (Ne 2:12), e há muitos que, diante das atividades relacionadas à obra de Deus, não permitem a si mesmos períodos de descanso. Aliás, até pensam que descanso é perda de tempo, negligência para com as responsabilidades “espirituais”; sobrecarregam a agenda, num ativismo exagerado e prejudicial, que afeta, inclusive, as relações familiares e a saúde e impede “que exerçam um ministério eficaz”. [9] Por isso, na obra de Deus ou em qualquer outro tipo de atividade, valorize corretamente o descanso.
Na obra de Deus, valorize adequadamente as pessoas. Hoje em dia, há uma tendência muito forte, inclusive, entre cristãos, de valorizar mais as coisas do que as pessoas: valoriza-se mais o carro do ano do que uma boa amizade; mais a casa luxuosa do que a comunhão cristã; mais o “ter” do que o “ser”. Com este pensamento, quem está à frente liderando sempre se acha superior a quem é liderado; por “ter” um posto mais alto. Este é um grande mal entendido que precisa estar bem longe dos filhos de Deus. Ninguém consegue ir muito longe sozinho. Por mais inteligente que alguém possa ser, este, ainda sim, precisa da ajuda de pessoas. Neemias era um líder fabuloso, mas, sozinho, não conseguiria realizar a missão que recebera do Senhor. Precisou e procurou ajuda. Não usava as pessoas apenas como máquinas de trabalho; tanto é que, quando pediu colaboração, incluiu-se entre elas. Ele disse: “Vamos construir” e não: “Construam”. Na obra de Deus, nunca se esqueça disso.
Na obra de Deus, glorifique exclusivamente a Deus. Todo cristão precisa viver, aqui, nesta terra, para a glória de Deus: Portanto, quando vocês comem, ou bebem, ou fazem qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus (1 Co 10:31). “Tudo” não é alguma coisa, algum dia ou em algumas circunstâncias. Todo cristão precisa almejar, em tudo o que for fazer a glória de Deus. No que se refere à obra de Deus, isso precisa ser ainda mais enfatizado. Muitos são os que estão recebendo a glória para si, no serviço a Deus, aparecendo mais do que o Deus da obra. Neemias diz que só fora a Jerusalém porque Deus estava com ele; de outra maneira, não teria recebido a autorização (2:18); diz também que a obra que fora fazer era de Deus e não dele (2:12), e que quem daria o êxito na obra seria o Senhor e não sua capacidade de liderar (2:20). Toda glória somente a Deus!
CONCLUSÃO:
Ao sair da Pérsia para ir a Jerusalém, apesar de ter alguma noção, Neemias talvez não imaginasse o quanto a situação da cidade era caótica. Quando ele viu com seus próprios olhos, percebeu que era pior do que haviam contado. Todavia, esta situação não o paralisou. Enquanto caminhava, à noite, pelos escombros, trazia no peito a esperança de que um dia a Jerusalém de Salomão voltaria a ser “gloriosa”. Havia muito trabalho pela frente, muito que fazer, mas Deus estava com o povo. Eles conseguiriam ser bem sucedidos, mesmo frente à oposição. Na obra de Deus, apliquemos os princípios aprendidos com Neemias, neste estudo!
Amém!
Dc. Paulo Cesar Amaral
Bibliografia
1. SWINDOLL, Charles R. Liderança em tempos de crise: como Neemias motivou seu povo para alcançar uma visão. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. pág. 50
2. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. Vol. 2. Santo André: Geográfica: 2008. pág. 624
3. SWINDOLL, Charles R. Liderança em tempos de crise: como Neemias motivou seu povo para alcançar uma visão. São Paulo: Mundo Cristão, 2004. pág. 52
4. CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 3. São Paulo: Candeia, 2000. pág. 1779
5. PACKER, I. J. Neemias: paixão pela fidelidade – sabedoria extraída do livro de Neemias. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. pág. 91
6. ADEYEMO, T. (Ed.). Comentário bíblico africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. pág. 549
7. KIDNER, Derek. Esdras e Neemias: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1985. pág. 90
8. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. Vol. 2. Santo André: Geográfica: 2008. pág. 630
9. ADEYEMO, T. (Ed.). Comentário bíblico africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. pág. 549

Deus está na próxima esquina


Um dos temas com os quais os pastores mais se deparam em momentos de aconselhamento é sobre a vontade de Deus. Em tais situações, é muito comum ouvirmos expressões do tipo: “pastor, qual é então a vontade de Deus para a minha vida?”.

Independentemente do tema, a intrigante pergunta sempre surge para nos colocar em situação difícil. Nestas circunstâncias, sinto-me como se fosse um oráculo, um intermediário do sagrado, um profeta de ocasião, alguém que tem de dar uma resposta plausível, pois, do outro lado, há alguém angustiado e inquieto aguardando o meu “parecer”.

Sem querer teologizar muito, e botando logo os pontos nos “is”, a vontade de Deus é de Deus, não é nem minha, nem sua, nem de ninguém. Já li muita coisa a este respeito sem, contudo, jamais me sentir satisfeito. Filósofos e teólogos criam explicações mirabolantes e sistematizadas para tentar tratar de algo que, no meu entendimento, é “terreno de Deus”.

Os calvinistas vêem a vontade de Deus de uma forma, os arminianos de outra, os da teologia da prosperidade enxergam de um jeito, os da teologia relacional de outro. Há os que afirmam que Deus tem vontade descritiva – coisas pré-ordenadas, e vontade permissiva – coisas que ele tolera existir ou acontecer. Tem os que dizem que a vontade de Deus pode ser secreta ou revelada, dispositiva ou perceptiva, e por aí vai... É o homem tentando entrar nas profundezas do insondável. 

Em seu livro “A Soberania de Deus”, Arthur Pink nos dá uma pista de como o tema é denso e, talvez até, incompreensível: “A vontade de Deus é Seu eterno, imutável propósito concernente a todas as coisas que Ele fez, para produzir certos meios para seus fins apontados: disto Deus declara explicitamente: "Meu conselho subsistirá, e farei toda Minha vontade" Is. 46:10.

Mas, afinal de contas, “qual a vontade de Deus para minha vida?”, pois esta é a pergunta que não quer calar. E eu respondo: “sei lá!”. Atrevo-me apenas a exprimir o que diz Paulo aos Romanos, que ela é “boa, perfeita e agradável”. “Pastor, devo casar com fulano?”; “Pastor, devo fazer tal curso”; “Pastor, devo mudar de cidade?”; “Pastor, devo aceitar tal emprego?”; “Pastor...”. Meu amigo, minha amiga, eu, simplesmente, não sei!

O que certamente sei é que esta forma de viver a vida cristã não me parece muito adequada. Mas a verdade é que a grande maioria quer respostas exatas para tudo, acha que na Bíblia há direcionamento sobre todas as questões da existência, espera que seus líderes os aconselhem precisamente em todas as suas indecisões. Ora, isso simplesmente não existe! E é por isso que tanta gente quebra a cara por aí e depois fica culpando Deus, o Pastor, as Escrituras, a mulher, o marido, o amigo, e nunca a sua incapacidade de fazer escolhas próprias.

Para mim, a vontade de Deus está na próxima esquina. O que quero dizer com isto? Que o caminho com Deus se faz caminhando, e que uma coisa é saber sobre o Caminho e outra é caminhar por ele. Nós cristãos nos tornamos cada dia mais teóricos, mais retóricos, esquecemos que o convite de Jesus é para que andemos no “Caminho”, em verdade, pois, só assim, poderemos experimentar a verdadeira vida.

Quem caminha com Deus está construindo com ele uma história aqui na Terra. Enquanto estou, na estrada da existência, “seguindo” a Deus, no encalço de seus passos, estou na realidade permitindo que em mim vá sendo desenvolvida sua soberana vontade, e isto em cada acontecimento do cotidiano, em cada circunstância que vai se “desenhando” no meu caminhar.

Mas, de repente, Deus vira a esquina! Eu olho para frente e não o vejo mais. A “cena” na qual Deus está continua acontecendo na “rua” por onde ele está seguindo agora, mas eu não consigo discerni-la, percebê-la, compreendê-la, pois sou incapaz de enxergá-lo neste momento. O que faço então? Sento e fico adorando a Deus até que ele se revele novamente? Jejuo até que seu caminho se desnude para mim? Oro para que ele me fale o que devo fazer? Consulto um profeta para saber o direcionamento correto? Sinceramente, isto não lhe parece absurdo? Mas é desta forma que muitos estão vivendo.

Ora, de fato, a uma única coisa a se fazer é ir até a esquina e, avistando o “caminhar de Deus”, retomar novamente o seguir os seus passos, ou seja, inserir-me outra vez como parte da “cena” que continuou se desenrolando independentemente da minha presença. Preciso querer estar com Deus, e não apenas saber de Deus.
  
De uma coisa estou certo: “Aquele que faz sempre o que quer, raramente faz o que deve”. Pierre Beauchêne. Ora, se você quer fazer a sua vontade, porque pergunta para mim qual a vontade de Deus? E mais: se você quer fazer a vontade de Deus, porque pergunta para mim o que deve fazer?

Deus está caminhando – “se alguém quer vir após mim...” – siga-o! Se ele virar a esquina, vire também. Se for reto, vá com ele. Se for rápido, corra. Se diminuir a marcha, vá mais devagar. Lembre-se apenas de algo: tente nunca o perder de vista, pois isso seria uma grande tragédia em sua vida. Agora, se isto acontecer, ainda há algo a ser feito: procure algum "representante do sagrado" pergunte para ele: "pastor, qual a vontade de Deus para a minha vida?”...

Por: Carlos Moreira

Por uma igreja totalmente voltada para o Mundo

Uma das metáforas mais usadas nas Escrituras para referir-se à Igreja de Cristo é a do Corpo. Juntos formamos o Corpo Místico de Cristo. Paulo escreve: “Assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co.12:12). 

Ora, sabemos que o corpo humano não é formado só de membros (externos), mas também de órgãos (internos). Por que Paulo escolheu a figura dos ‘membros’ para exemplificar nossa posição no Corpo?


Ele fala de pés, orelhas, olhos, mãos, e não pulmões, intestinos, estômago. Haveria algum motivo para que ele preferisse os membros externos, em vez dos órgãos internos? Estou convencido que sim. Não foi por acaso que ele escolheu a figura dos membros para referir-se a nós.


 É através dos nossos membros que nosso corpo se relaciona com o mundo externo. Nossos órgãos não têm qualquer ingerência no mundo exterior. Se fôssemos órgãos do Corpo de Cristo, então deveríamos estar voltados para nós mesmos. O papel dos órgãos é a manutenção do corpo. Mas o papel dos membros é interagir entre si, e com o mundo à sua volta. 


O vocábulo grego “ekklesia” (igreja), significa “tirados pra fora”, ou “voltados pra fora”. A única razão da existência e permanência da igreja aqui é o próprio mundo. Portanto, temos que nos converter a ele. Converter-se ao mundo não é conformar-se aos seus valores, mas voltar-se para suas necessidades, a fim de supri-las através do amor. 


Fomos enviados por Cristo ao Mundo. Nos trancafiarmos em nós mesmos nada mais é do que um motim, uma rebelião. Estamos sob as ordens do comandante de nossa nau. E suas ordens são: içar as velas e levantar a âncora. Não importa se os mares estão calmos ou revoltos. Nossa missão é cruzá-los. 


Somos as mãos de Cristo para socorrer os miseráveis deste mundo. Somos Seus pés para percorrermos os terrenos íngremes e acidentados em busca das ovelhas perdidas. Somos Seus ouvidos para ouvirmos o lamento dos desesperados e consolá-los. Somos Seus olhos para constatarmos a realidade, e Sua boca para contestarmos. Não temos o direito de ficarmos indiferentes ao sofrimento humano, esteja onde ele estiver. 


Definitivamente, não somos Suas entranhas. Por isso, não há lugar para corporativismo entre nós. Não vivemos em função de nossa subsistência. Vivemos em prol do outro, daquele que está do lado de fora. 


Os membros estão dispostos em pares, e isso nos remete à orientação de Jesus para que fôssemos enviados ao Mundo “de dois em dois”. Alguém pode alegar que a boca não tem um par, mas convém lembrar que ela é formada de dois lábios, superior e inferior. Assim como o nariz é formado por duas narinas. 


Uma mão precisa da outra. Mesmo sendo destro, o corpo precisa da mão canhota. Imagine quão dispendicioso seria digitar este texto com uma só mão! Um pé não caminha sozinho (Estamos falando de Cristo, não de saci-pererê, rs). Um olho só não seria capaz de enxergar o mundo em 3D. Um só ouvido só ouviria em mono, e por isso, deixaria de identificar sons mais sutis, que somente se ouve em estéreo. 

E os membros não se relacionam apenas com seus pares, mas também com os demais. Quando cai um cisco no olho, é a mão que vem socorrê-lo. Um olho é capaz de ajudar o outro a enxergar melhor, mas não pode remover um cisco de seu par. 


E todos os problemas enfrentados pelos membros se devem à interatividade com o mundo. Da mesma forma, os membros do Corpo de Cristo devem socorrer uns aos outros, quando esses forem vítimas em sua caminhada pelo mundo. Paulo diz que não somos apenas membros de Cristo, mas também “individualmente somos membros uns dos outros” (Rm.12:5).


Hermes C. Fernandes